poder dos EUA na internet.
PARIS, 20 Jan 2012 (AFP) -O fechamento pelo FBI do portal Megaupload.com
realçou o poder das autoridades americanas sobre a Internet e o fato de
que possam, com mandato judicial, bloquear em dois minutos qualquer um
dos 95 milhões de sites .com.
Acusada de violar os direitos autorais, a emblemática e polêmica
plataforma de downloads diretos ou em "streaming" (consumir o produto ao
mesmo tempo em que se baixa) foi desativada na quinta-feira à noite e
os servidores que hospedavam os dados relacionados a seu funcionamento
foram presos.
"Ir contra os servidores hospedados em vários países equivale a cortar a cabeça de uma hidra. Intervir sobre um domínio
é golpear o coração do dispositivo nevrálgico", explicou à AFP Lo¯c
Damilaville, diretor-geral adjunto da Association Française pour le
Nommage Internet en Cooperation (AFNIC), entidade do registro oficial
.fr.
O domínio de Internet (ou seja, o identificador) do Megaupload
terminava por .com, pelo que a plataforma se submete à Justiça
americana, já que a Verisign, sociedade que administra os 95 milhões de
páginas .com (de um total de 220 milhões existentes na rede), tem sua sede na Califórnia.
"Uma vez que a Justiça americana toma uma decisão e pede à Verisign para fechar o domínio, a ação propriamente dita de bloquear uma página apenas leva alguns minutos", disse Damilaville.
Por outro lado, o presidente da Internet Corporation for Assigned
Names and Numbers (ICANN), um organismo privado americano que tem um
papel chave na regulação da rede já que é ele que atribui os domínios de
Internet, criticou a medida.
O governo americano "atua para impedir um atentado jurídico, como o
intercâmbio de arquivos ilegais que negam os direitos de propriedade
intelectual. Mas, ao invés de ir aos gestores dos .com, poderia ir ao
ICANN para deter esse tipo de atividades", garantiu Stéphane Van Gelder,
presidente do GNSO, a instância executiva do ICANN.
Não é a primeira vez que as autoridades norte-americanas passam por
cima das instâncias mundialmente reconhecidas para fechar os sites por
conta própria.
Em 2010, por exemplo, cerca de 84.000 páginas foram "desconectadas"
por erro no âmbito da operação "In our sites" lançada com a finalidade
de fechar páginas relacionadas à pornografia.
Em 2011, as autoridades já decidiram o fechamento da página
espanhola Rojadirecta.com por considerar que suas atividades eram
ilegais, as mesmas que a justiça espanhola tinha declarado estar em
conformidade com a lei.
"As autoridades americanas têm, claramente, poder sobre todas as
extensões numéricas que são geridas por prestadores americanos ou
situados nos Estados Unidos. Estamos em pleno debate sobre o problema do
direito a aplicar quando nos referimos a domínios de Internet; há um
verdadeiro conflito de jurisdição", segundo Damilaville.
"Os Estados Unidos se intrometem claramente na arquitetura da
Internet para atuar até em outros países", denunciou Jérémie Zimmermann,
co-fundador da associação francesa La Quadrature du Net, segundo a qual
"com certeza, novos sites Megaupload vão reabrir com domínios de
Internet que não podem ser atacados nos Estados Unidos". (gamevicio)
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